sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A humanidade está na adolescência


Não há dúvida de que há uma tensão entre a fé cristã e o mundo moderno, semelhante à que existe entre os pais e seus filhos adolescentes. Os pais amam profundamente seus filhos, mas nem sempre estão de acordo com suas escolhas. Assim também a Igreja, ao guardar, anunciar e celebrar a fé em Cristo Senhor, ama profundamente o mundo, criação do Deus que viu que tudo era bom. Mas nem sempre ela concorda com as opções e caminhos da modernidade.
Séculos atrás, o Ocidente vivia na unidade própria da Cristandade. E a sociedade civil apoiava-se fortemente na Igreja e na vontade de Deus para suas decisões. Como a criança que se sabe totalmente dependente dos pais, e não tem qualquer problema com isso. Tudo o que quer, pede aos pais. E mesmo quando não recebe o que pediu, nutre fortes sentimentos de gratidão por seu pai e sua mãe, de quem depende e a quem deve tudo o que tem.
Quando a criança entra na adolescência, não quer mais as coisas de criança. E no seu pensamento ainda simplório imagina que deve romper ao máximo a relação com os pais, chegando a ter vergonha deles. Quer ser independente, e a dependência é própria de crianças, imaginam. Assim é o mundo moderno, que não quer saber do pai nem da mãe, de Deus nem da Igreja.
De fato, a humanidade está na adolescência. Mas não há nada de mal nisso. O adolescente ainda tem toda uma vida pela frente, repleta de possibilidades. Assim também a humanidade.
À medida que o homem amadurece, com o passar dos anos, olha para trás e reavalia sua relação com os pais. Recorda os primeiros anos e todo o amor e dedicação deles, e reconhece que tratou-os com considerável ingratidão nos anos de adolescência. E reconhece ainda que, mesmo exposto a esta dura prova, o amor dos pais prevaleceu.
Esta reavaliação é a passagem que marca a entrada do jovem na vida adulta, e a partir de então, não é que volte à dependência dos pais, longe disso. Mas não tem, tampouco, a estéril pretensão de ser independente dos pais. Percebe que, nas suas relações, age em sadia interdependência com os demais homens, e especialmente em relação ao pais. Traz no coração a gratidão justa aos pais por tudo o que é e tem, sabe-se adulto e espera ser, para seus filhos, como seus pais.
Assim, também a humanidade, para quem abrem-se imensas e sempre novas perspectivas. O homem pós-moderno, que na verdade já pôs em xeque muito do racionalismo do homem moderno, com o tempo amadurecerá, e saberá pagar tributo a Deus e à Igreja por sua ingente contribuição, de fato indispensável, para o progresso e o conhecimento, a dignidade e a liberdade que marcam a humanidade em nossos dias. E saberá transmitir essa gratidão a seus filhos, e assim de geração em geração.