quarta-feira, 7 de março de 2012

Formação sobre o Youcat (Catecismo Jovem)


Toda quinta, 22h15min, pelo nosso grupo no Facebook (pesquise por Youcat Arquidiocese de Niterói) ou diretamente pelo portal livestream.com (mesma pesquisa), é possível acompanhar as aulas sobre o Youcat, o Catecismo Jovem da Igreja Católica. Você pode também fazer suas perguntas e comentários no chat.
A ideia dessas aulas veio, é claro, por inspiração do próprio Papa Bento XVI, que na introdução do Youcat faz esse apelo aos jovens, para que conheçam com profundidade a fé católica, e estudem o catecismo sozinhos e em grupos nas paróquias, em casais a namorar e nas redes sociais...
A partir daí um grupo de meninas da nossa Arquidiocese, de diversas paróquias, começou a tentar concretizar essa ideia. E como estive com essas jovens na JMJ em Madrid, elas me propuseram que eu ficasse à frente dessas formações. Eu topei prontamente, mesmo sem conhecer muito como seria isso.
Elas me explicaram a ideia, seria uma espécie de aula virtual, com a participação dos jovens por perguntas e comentários. Escolhemos dia e hora; para mim tinha que ser depois das 22h, pois é a hora que saio da Igreja. Acabou sendo conveniente, pois é a hora em que os jovens já estão em casa, e frequentemente já nas redes sociais. Propus terça ou quinta, pois quarta tem futebol, a rapaziada gosta de ver, eu inclusive rsrs, e sexta é comum ter uma festinha, uma happy hour, e o pessoal teria q faltar... Ah, e segunda é a folga dos padres, às vezes saímos juntos, ou ficamos conversando, é melhor para mim ficar com o horário livre.
Escolhemos então quinta às 22h15min e elas me deram todo o tutorial, cada passo para eu baixar os aplicativos, fazer o login no livestream e no procaster (o primeiro transmite online, o segundo grava o arquivo).
Começamos no dia 30 de setembro, e desde então estamos nos mantendo fiéis. Só não tivemos aula em uma ocasião, no dia 12 de janeiro, porque eu estava de férias e não consegui preparar a aula nem o material. Cada formação tem em torno de 1h15min, 1h30min. Tivemos uma aula presencial, na paróquia em que sou Vigário, a São Judas Tadeu, em Icaraí, no dia 15 de dezembro, mas às 20h. Foi muito bom para nos conhecermos e fortalecermos os nossos laços. Essa formação também foi transmitida e está arquivada com as outras, normalmente (mas o áudio está pior que o das outras, por causa do microfone).
Estou muito animado com as aulas, e também o grupo. Somos em torno de 20 membros online, às vezes um pouco mais ou menos, e a participação é muito boa, com perguntas, dúvidas e comentários. Nós falamos dos temas com profundidade, mas às vezes também com bom humor. Sabemos de muita gente q não pode assistir online, mas depois tem visto e comentado os vídeos gravados.
Costumo preparar as aulas durante a semana, e na formação usamos o Youcat em Português e também a edição em espanhol, quando há diferenças nos comentários (são pequenas, mas existem). Usamos também o Catecismo da Igreja Católica como auxílio e, é claro, a Sagrada Escritura, indispensável. Às vezes até mais de uma tradução...
É claro que já vemos alguns primeiros frutos espirituais, no entusiasmo e fidelidade dos jovens. Mas os frutos maiores só veremos com o tempo, é claro... Para mim, pessoalmente, está sendo um ótima oportunidade de repassar com atenção o catecismo, para estudar cada tema que devo transmitir aos jovens. E busco também outros materiais, documentos do Vaticano II, livros em geral etc. Quanto aos jovens, tenho repetido que o importante é mantermos a constância, semana após semana. Nossa ideia seria terminar o Youcat (que tem 527 números), antes da JMJ no Rio, em 2013. Mas pelo ritmo em que estamos, provavelmente não vamos conseguir. Não importa, melhor caminharmos sem pressa, tratando de cada tema com a atenção que merece.
É estimulante ver tantos jovens sedentos de conhecer e amar cada vez mais o nosso Deus e a Verdade que Ele nos revelou em Seu Filho. E é gratificante para o meu sacerdócio constatar que tenho sido instrumento de Deus para formá-los.
Que a Nossa Mãe e Senhora, que meditava e guardava no coração as palavras que ouvia, nos ajude a permanecer fiéis ao Seu Filho, seguindo seu exemplo.
Abaixo, o link para o nosso canal no livestream.com:
Vale notar que todas as aulas estão numeradas e nomeadas de acordo com a data.
Espero que gostem!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A humanidade está na adolescência


Não há dúvida de que há uma tensão entre a fé cristã e o mundo moderno, semelhante à que existe entre os pais e seus filhos adolescentes. Os pais amam profundamente seus filhos, mas nem sempre estão de acordo com suas escolhas. Assim também a Igreja, ao guardar, anunciar e celebrar a fé em Cristo Senhor, ama profundamente o mundo, criação do Deus que viu que tudo era bom. Mas nem sempre ela concorda com as opções e caminhos da modernidade.
Séculos atrás, o Ocidente vivia na unidade própria da Cristandade. E a sociedade civil apoiava-se fortemente na Igreja e na vontade de Deus para suas decisões. Como a criança que se sabe totalmente dependente dos pais, e não tem qualquer problema com isso. Tudo o que quer, pede aos pais. E mesmo quando não recebe o que pediu, nutre fortes sentimentos de gratidão por seu pai e sua mãe, de quem depende e a quem deve tudo o que tem.
Quando a criança entra na adolescência, não quer mais as coisas de criança. E no seu pensamento ainda simplório imagina que deve romper ao máximo a relação com os pais, chegando a ter vergonha deles. Quer ser independente, e a dependência é própria de crianças, imaginam. Assim é o mundo moderno, que não quer saber do pai nem da mãe, de Deus nem da Igreja.
De fato, a humanidade está na adolescência. Mas não há nada de mal nisso. O adolescente ainda tem toda uma vida pela frente, repleta de possibilidades. Assim também a humanidade.
À medida que o homem amadurece, com o passar dos anos, olha para trás e reavalia sua relação com os pais. Recorda os primeiros anos e todo o amor e dedicação deles, e reconhece que tratou-os com considerável ingratidão nos anos de adolescência. E reconhece ainda que, mesmo exposto a esta dura prova, o amor dos pais prevaleceu.
Esta reavaliação é a passagem que marca a entrada do jovem na vida adulta, e a partir de então, não é que volte à dependência dos pais, longe disso. Mas não tem, tampouco, a estéril pretensão de ser independente dos pais. Percebe que, nas suas relações, age em sadia interdependência com os demais homens, e especialmente em relação ao pais. Traz no coração a gratidão justa aos pais por tudo o que é e tem, sabe-se adulto e espera ser, para seus filhos, como seus pais.
Assim, também a humanidade, para quem abrem-se imensas e sempre novas perspectivas. O homem pós-moderno, que na verdade já pôs em xeque muito do racionalismo do homem moderno, com o tempo amadurecerá, e saberá pagar tributo a Deus e à Igreja por sua ingente contribuição, de fato indispensável, para o progresso e o conhecimento, a dignidade e a liberdade que marcam a humanidade em nossos dias. E saberá transmitir essa gratidão a seus filhos, e assim de geração em geração.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O joio, o trigo e a santidade da Igreja

Catecismo da Igreja Católica, nº 827: «Enquanto que Cristo, santo e inocente, sem mancha, não conheceu o pecado, mas veio somente expiar os pecados do povo, a Igreja, que no seu próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação». Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do Evangelho até ao fim dos tempos. A Igreja reúne, pois, em si, pecadores alcançados pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santificação.
A Igreja «é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo».

A Igreja tem pecadores no seu seio, e a parábola do joio mostra que Jesus já previra essa situação. No Antigo Testamento, o povo de Israel era santo porque era separado para Deus. Não se misturavam com os povos de cultos pagãos, não cultuavam outros deuses. Eram puros para o Senhor. Mas no Novo Testamento, a santidade não é estar separado para Deus, e sim unido a Deus. E esta é a vocação universal da Igreja, a santidade, para todos e cada um de seus membros.

Transcrevo abaixo algumas reflexões minhas surgidas nas aulas de Eclesiologia, ministradas pelo Pe. Dudu, no curso de Teologia, no Seminário São José:

“Não se pode chegar ao extremo de pensar a Igreja como santa em todos os seus membros. Mas também não se pode ver só pecado, considerar todos somente pecadores. E não se pode separar aquela Igreja fundada por Cristo da Igreja atual. Nem cada indivíduo de sua comunidade. Também é errada a seguinte concepção: santa é a alma da Igreja (o Espírito Santo) e pecadora é o corpo, os fiéis. Não se pode separar assim corpo e alma, nem o Espírito Santo dos membros da Igreja, pois é nestes que o Espírito age.
Se se resgata a Igreja como povo de Deus, necessariamente recupera-se, como consequência, a dimensão pecadora da Igreja enquanto este povo. A questão é difícil. A santidade da Igreja não é somente etérea, ou seja, abstrata. É santidade concreta, na vida de tantos fiéis. Por outro lado, então, o pecado da Igreja não seria só dos membros, mas dela mesma? De fato, não se pode separar Igreja-conceito e Igreja-membros. Como entender esse paradoxo? Ou seja, como poderia ser a Igreja pecadora em si mesma, e não apenas nos seus membros?
Talvez seja como Cristo, que sendo perfeitamente santo e imaculado, assume todo o pecado do mundo e se faz maldito (cf. Cl 3, 13), e mesmo sem aspecto humano, parecendo um verme desprezível, como profetiza Isaías (cf. Is 53), continua sendo tão belo, o mais belo entre os filhos dos homens (cf. Sl 44 [45]), perfeito Deus e perfeito homem. Assim também a Igreja, chamando a si todos os pecadores, aparece cheia de rugas, imperfeições e pecados, mas nem por isso deixa de ser bela. Bem ao contrário, por isso mesmo torna-se ainda mais bela, porque por amor a cada pecador expõe-se totalmente.
É santa e pecadora. Mas, como diz São Paulo, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5, 20). O fiel que peca não deixa de fazer parte da Igreja, pode estar seguro quanto a isso. Mas é membro enfermo. De qualquer modo, o novo povo de Israel – a Igreja – não faz como o antigo Israel, que extirpava do seu meio todo o mal. A Igreja não; ela perdoa, acolhe; torna-se portanto menos pura e “santa” enquanto separada; mas também se torna mais caridosa e materna.
Por fim, Cristo amou esta Igreja concreta, esta mesma que vemos hoje, mesmo ciente de todos os seus pecados e infidelidades. Não se entregou por uma Igreja ideal, abstrata, mas por essa Igreja real, fraca e limitada que temos. É esta a sua esposa, que nasce do seu lado aberto na cruz, e da qual o divino esposo não se divorcia, mesmo diante de suas traições.”
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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eucaristia: o mistério da fé, o centro de tudo

A solenidade de Corpus Christi – o Corpo de Cristo – celebra a Eucaristia, o maior capricho de Jesus para os seus discípulos. Toda a vida de Jesus parece apontar para este Santíssimo Sacramento tanto quanto aponta para a cruz. E de fato, são mistérios inseparáveis. O sacrifício da Quinta-Feira Santa, na Santa Ceia, é o mesmo da Sexta-Feira Santa, no Calvário. Por amor, nosso Senhor se entrega a nós por inteiro, até o fim.
Assim como Jesus caminhava decidido para a cruz, planejava já desde o início deixar como herança aos seus discípulos a Eucaristia, o dom do seu Corpo e Sangue. Por isso, toda a sua vida parece ser uma preparação para aquela doação definitiva na véspera de sua Paixão. E Jesus passa sua vida pública dando sinais disso, como quem escreve seu testamento. Nos seus milagres, faz uso dos elementos que utilizaria para a Eucaristia: multiplica pães, transforma água em vinho; e também quanto a Si mesmo, quando, por exemplo, anda sobre as águas. Assim Jesus mostra que tem domínio sobre todas essas criaturas e sobre Si mesmo, e que portanto tem poder de dispor delas para realizar o milagre eucarístico. Já os Padres da Igreja faziam notar: Deus criou todas as coisas a partir do nada apenas com sua palavra; pois bem, é esta mesma Palavra que diz com a eficácia que lhe é própria: “Isto é o meu corpo; isto é o meu sangue”.
Querendo permanecer com os discípulos, mas tendo de voltar para o Pai, Jesus encontra essa forma de ir embora e ficar conosco ao mesmo tempo. Querendo deixar uma herança para nós, seus irmãos, mas sendo pobre e não tendo nada para nos dar, deixa-se a Si mesmo. Mas com isso dá-nos toda riqueza que poderíamos desejar, pois quem tem a Deus tem tudo, nada lhe falta. Jesus se dá a nós como nosso alimento, como remédio para nossas fraquezas, para estarmos em plena comunhão com Ele. Na Eucaristia, como na cruz, Jesus em seu amor extremo se sacrifica por nós, morre para que tenhamos vida.
E por que terá escolhido pão e vinho? Há inúmeras razões, certamente. Mas uma delas é que tais alimentos supõem o trabalho. Não se colhe pão de uma árvore, não se recolhe vinho de um córrego. Desde o plantio e colheita da uva e do trigo, passando por todas as outras etapas até a elaboração final, o trabalho do homem está escondido no pão e no vinho. Parece que Jesus quer nos mostrar o valor do nosso esforço cotidiano; quer nos dizer que estará conosco todos os dias, mas espera que façamos a nossa parte. A comunhão traz em si o comprometimento com Deus e Sua obra, e exige a oferta amorosa de tudo o que fazemos. Como costumamos repetir, Ele poderia ter feito tudo sozinho, mas preferiu contar com nossa ajuda. Não importa se é pouco o que temos a oferecer-Lhe. A generosidade de um menino com cinco pães permitiu a Jesus alimentar uma multidão. Daí também o sentido da partilha do pão. Devemos oferecer à Igreja, à comunidade os dons que temos; a comunhão traduz-se nessa troca.
Além disso o pão possui uma peculiaridade: já no dia seguinte à sua fabricação, está velho. Também nós devemos contar com a graça de Deus dia após dia. Nossa obra passada já está velha; tudo o que já fizemos de bom ontem deve ser renovado hoje. É preciso trabalhar para Deus todos os dias, contando com Sua graça. Como pedimos no Pai-Nosso, dá-nos hoje o pão de cada dia. Por outro lado, com o vinho talvez ocorra justamente o contrário: o velho é melhor, como reconhece Jesus (cf. Lc 5, 39). A tradição tem seu valor, o que passou está velho, mas não ultrapassado, não perdeu sua importância. Assim, a Eucaristia mostra que o bom discípulo “é semelhante ao pai de família que tira coisas novas e velhas do seu tesouro” (Mt 13, 52).
Muitos outros sinais estão no pão e no vinho: a simplicidade e o fácil acesso ao pão, sinais da presença de Deus conosco; a festa e a alegria do vinho, sinais da nossa verdadeira alegria em Deus, e tantos outros ainda. Mas um aspecto que não podemos esquecer é a valorização de toda a criação, também do que é corpóreo, material. A Igreja não se ocupa apenas do espiritual; nosso Senhor, ao nos dar seu Corpo e Sangue como alimento, enaltece toda a criação, o aspecto material das coisas. Tudo foi criado por Deus, que viu que tudo era bom. Foi o seu Sangue derramado que redimiu toda carne, e é este Sangue que nos é dado como alimento.
Enfim, o Deus soberano, o Criador do universo e Juiz universal se entrega em nossas mãos. Isto deveria causar sempre um profundo espanto em nós... Peçamos a Deus a graça de aproximar-nos deste Santíssimo Sacramento com toda a piedade e devoção, lembrando as palavras de Santo Agostinho, ainda no século V: “Ninguém coma deste Pão sem antes adorá-lo”. Senhor, “dá-nos sempre deste Pão” (Jo 6, 34), e dá-nos um coração adorador, cheio de alegria e ação de graças por tão grande dom.
Meditemos as palavras de São Pedro Julião Eymard, um santo de grande devoção à Eucaristia: “Haverá algo de mais simples do que comparar o nascimento de Jesus no presépio com seu nascimento sacramental no altar e nos corações? Quem não vê a Vida escondida de Nazaré se continuar na Hóstia Santa do Tabernáculo e a Paixão do Homem-Deus sobre o Calvário se renovar no Santo Sacrifício a todo momento e em todos os lugares do mundo? Não está Nosso Senhor tão manso e humilde no sacramento como em sua Vida mortal? Não é sempre o mesmo Bom Pastor, o Consolador divino, o Amigo dos corações? Feliz da alma que sabe encontrar a Jesus na Eucaristia, e na Eucaristia todas as coisas!”
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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Com o papa, firmes na fé: Rumo a Madrid!

No dia 16 de abril, sábado, véspera do Domingo de Ramos, tivemos na Paróquia São Judas Tadeu, em Icaraí, um encontro de preparação para a Jornada Mundial de Jovens, a ser realizado em agosto em Madri, na Espanha. Muitos jovens da nossa Arquidiocese de Niterói estarão presentes, por vários grupos, representando diversas paróquias e espiritualidades.
A ideia deste encontro era justamente apresentar esses grupos uns aos outros, para que os jovens da Arquidiocese já se conheçam antes de viajarem para a Jornada Mundial. Foi portanto uma oportunidade única para trocar expectativas, partilhar experiências e motivar-nos mutuamente.
O evento começou às 9h30min, e contou com a presença de jovens de todos os Vicariatos. Ao todo, foram 83 inscritos. Intercalamos momentos de espiritualidade, como a adoração ao Santíssimo, com outros de lazer, como um quiz com perguntas sobre as JMJ’s. Tratamos dos assuntos práticos sobre a viagem e da nossa preparação espiritual para aproveitar bem a peregrinação. Tivemos momentos de partilha sobre as maneiras pelas quais os jovens têm conseguido arrecadar fundos, com a ajuda dos párocos e das comunidades, e também sobre como podemos irradiar nossas experiências depois que voltarmos, por exemplo no DNJ, ou mesmo nas nossas paróquias.
O encontro foi encerrado no fim da tarde com a santa missa presidida pelo nosso arcebispo, Dom Alano, que ressaltou o sentido da Jornada Mundial de Jovens: vamos ao encontro do sucessor de Pedro, hoje Bento XVI, para que ele nos confirme na fé em Cristo, nosso Senhor. Antes da missa, aproveitamos a presença de Dom Alano para fazer a nossa foto oficial, que dá uma boa mostra de como a Arquidiocese de Niterói estará bem representada em Madri.



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Frente a frente, Jesus e Pilatos: quem está livre e quem está preso?

Façamos nossa páscoa, isto é, nossa passagem, como Cristo, que passou deste mundo para o Pai (Jo 13,1). Nós o fazemos quando passamos da nossa vontade para a vontade de Deus; então sim, quando morremos para nós, para os nossos interesses, então ressuscitamos com Cristo para uma vida nova, uma vida de reinado pelo serviço por amor, na vontade de Deus.E assim podemos de fato chamar a Deus de Pai e rezar: “seja feita a vossa vontade”.
Jesus é totalmente livre e nos ensina a liberdade verdadeira. Frente a frente, nós vemos Jesus atado e Pilatos no trono. Jesus está amarrado e ameaçado de morte no banco dos réus. Pilatos é o governador da província da Judeia, está sentado no trono com a autoridade de César e tem um exército de respeito sob seu comando. E no entanto, ao vê-los frente a frente, perguntemo-nos: quem está livre e quem está preso?
Pilatos não tinha nenhum poder, pois tinha medo. Disse a Jesus que tinha autoridade para prendê-lo ou soltá-lo; pois bem, então por quenão o soltou? Afinal, a própria Escritura reconhece que Pilatos sabia que Jesus era inocente e tentava libertá-lo. Não o fez por medo da multidão que pedia sua crucificação. Não quis se comprometer, lavou suas mãos covardemente.
Jesus, ao contrário, é o homem perfeitamente livre. Mesmo que o ameaçassem de morte, Ele estava em paz, pois sabia que cumpria a vontade do Pai. Tudo em sua vida era ação de graças ao Pai, amor, perdão. Não ameaçou, não devolveu as injúrias. Mesmo hostilizado e diante da fúria dos inimigos manteve a serenidade, pois sabia que o Pai estava com Ele.
Durante a nossa caminhada na terra, acompanhemos Jesus, como as mulheres, especialmente Santa Maria, ou como João apóstolo, ou como Simão Cireneu.Aliás, parece-me providencial o nome do Cireneu – Simão –, pois era Simão Pedro quem deveria ajudar Jesus com a cruz. E hoje também, somos nós, a Igreja. Não façamos caso da indiferença da maioria, não tenhamos medo nem do escárnio de alguns. Acompanhemos Jesus e o aclamemos como nosso Senhor também onde Ele é hostilizado. Caso contrário, seremos discípulos medrosos, ou pior, seremos como Pilatos, que reconhecia a inocência e a bondade de Jesus, mas não quis se comprometer. Fé cristã é compromisso.
Se não nos envergonhamos de Jesus neste nosso mundo nem sempre cristão, também Cristo não se envergonhará de nós diante do Pai. Mas se nos envergonhamos d’Ele aqui, também Ele se envergonhará de nós junto do Pai. Que essa desgraça não nos aconteça.
Vemos assim como a Via Crucis é uma alegoria da presença de Jesus do mundo em que vivemos. Enquanto Jesus passava com a cruz, muitos escarneciam, a maioria era-lhe indiferente, cuidava de si. Outros aproximavam-se curiosos, mas não passavam disso. Mas alguns o acompanharam. Hoje a mesma coisa acontece. Alguns escarnecem da fé cristã, a maioria é indiferente, vai cuidar da própria vida. Alguns até se aproximam curiosos, mas não se comprometem. Quanto a nós, somos chamados a acompanhar Jesus em seu caminho pelo mundo, mesmo hostilizados, ajudando-O a carregar a sua cruz.
Todos os cristãos carregamos a mesma cruz: a de Cristo. Cada um tem a sua, umas mais pesadas que outras. Mas se realmente somos irmãos, carregamos os fardos uns dos outros, e assim cumprimos a lei de Cristo. No fundo, todas as nossas cruzes são uma só: a cruz de Cristo. No fim das contas, não sabemos se nós o ajudamos, ou se é Ele quem nos ajuda. De qualquer modo, cabe-nos a disponibilidade de ajudá-lo; isso é ser cristão: acompanhá-Lo.
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